sábado, 29 de outubro de 2011

Rottnest Island, um tesouro no Indico


A semana passada inteira foi de muita chuva e dias bem cinzentos. Mas a meteorologia prometia sol a partir de 6ª. feira. Resolvemos arriscar...
Alguns amigos iam passar o final de semana prolongado (por conta da vinda da rainha foi feriado 6ª. feira) em Rottnest Island e nos animamos em nos juntarmos ao grupo a aproveitar para conhecer a tão falada ilha. Não tivemos oportunidade de fazer isso no Verão e Rottnest no Inverno, nem pensar! É um vento de cortar até o coração!
Acontece que não existem tantos hotéis assim na ilha e chegamos atrasados. Já estava tudo cheio, apesar de termos tentado no início da semana... Paciência, o jeito seria passar o dia lá e encontrar os amigos pra um almoço.
Falamos com a Rottnest Fast Ferries, que tem umas lanchas enormes e super potentes e reservamos nossa ida. Podíamos ter saído de Fremantle, mas por questões de ordem prática, preferimos pagar mais caro e sair de Hillary`s, uma marina há 15 minutos da minha casa.
A passagem não é barata, mas o barco é confortável, tem ar condicionado, é seguro e veloz. Faz em 40 minutos a travessia até Rottnest e o bilhete de adulto custa AU$85. Eles tem dois horários pela manhã: 07h15 e 09h30min. Optamos pelo primeiro, já que só passaríamos aquele dia na ilha e teríamos que estar de volta no barco das 16h30min.
O dia amanheceu lindo, absolutamente AZUL. Arrumamos nossas mochilas com o mínimo possível, filtros solares e para enganar o estômago levamos bananas e frutas secas. Rumo à Hillary`s!
O barco partiu pontualmente. Fomos para a popa, onde é mais aberto e podíamos sentir o vento no rosto enquanto víamos Perth ficar pequenininha ao fundo. O clima era de alegria: muitos casais – jovens e idosos -, famílias, bikers e aventureiros. Tinha até um violão, que chegou a ser dedilhado algumas vezes.






Rottnest é mesmo uma VISÃO, uma jóia no meio do Indico! As águas cristalinas tiram o fôlego dos turistas e não turistas. Não há como conter todos os tipos de exclamação! A ilha já até faturou o status de ILHA CLASSE A! Não é pra menos...
São 63 praias e 20 baías, onde podemos encontrar 95 espécies de peixes, mais de 20 tipos de corais, 140 tipos de plantas e inúmeras aves migratórias. Sem falar do QUOKKA, que conto a seguir.




E de onde vem esse nome??? Descobri que ROTTNEST vem de ROTT ENEST (em holandês) e que em inglês é RATS NEST, que significa ninho do rato. Em 1696 a ilha foi descoberta por um explorador holandês – Willem de Vlamingh – que confundiu o lindo QUOKKA com um ratão e daí surgiu Rottnest.
Na verdade, o QUOKKA é um marsupial muito fofinho, curioso e as vezes tímido. Parece um pouco com um canguru em miniatura (uns 70 cm). É marronzinho e super friendly. Dizem que existem pela ilha toda, de 8.000 a 12.000 quokkas. Nós vimos vários no vilarejo de Rottnest e Ramírez fez amizade com um deles. Bem, quem na gosta de carinho, né?





Bem, quando chegamos fomos direto ao centro de informações ao visitante. Pegamos um mapa da ilha e checamos as opções de transporte – ônibus, bicicletas ou PÉ!!! Resolvemos tentar as bicicletas, que é o que a maioria das pessoas faz. São 22 km para dar a volta em toda a ilha, que apresenta alguns trechos mais íngremes de vez em quando.
Essa era minha dúvida... Será que eu ia conseguir?? Pra resolver o problema, alugamos uma bike de dois lugares e se eu não conseguisse, o Ramírez me puxaria. Afinal, não é ele que tira onda de ciclista??? A união faz a força!
O BIKE HIRE é enoooooorme. Nunca vi tantas bicicletas juntas. Os capacetes são obrigatórios e vc também recebe um cadeado pra quando quiser deixar a bike e curtir as praias.


Compramos 2 litros de água e lá fomos nós. Pedalando, pedalando, pedalando.

De repente descortinávamos aquela maravilha. Uma baía mais linda que a outra. As diferentes nuances de azul coloriam as águas transparentes das praias paradisíacas e o relevo da ilha ajudava a nos colocar em  pontos estratégicos para visualizarmos do alto as paisagens estonteantes: corais, rochas, areia alvíssima e uma vegetação muito parecida com a de Cabo Frio e Arraial do Cabo compunham o cenário.




Fizemos inúmeras paradas, mas apenas duas pra curtir um pouquinho da praia e nos abastecer de bananas e damascos. Não tem nada nas praias, VC TEM MESMO QUE LEVAR O QUE COMER E BEBER.
Ventava bastante e a água estava fria de um lado da ilha e mais gostosa do outro. Ramírez ia numerando no nosso mapinha os locais por onde passávamos: Henrietta Rocks, Porpoise BaySalmon Bay, Parker Point, Green Island, Mary Cove, West End(a ponta da ilha), Narrow Neck, Stark Bay, York Bay e Thomson Bay. Não deu tempo de visitar o farol, que nos pareceu muito lindo também. Ah, e como não podia deixar de ser, encontrávamos lixeiras com coleta seletiva e banheiros em vários pontos da ilha.








Levamos umas 4 horas entre paradas e pedaladas até darmos a volta completa na ilha e encontrarmos nossos amigos na pousada Rottnest Lodge, onde tomamos uma cerveja geladíssima como prêmio pela conquista. Ramírez foi um excelente comandante e incentivador e eu.... uma excelente carona. (mas pedalei o tempo todo, acreditem!).
Almoçamos no DÔME, que fica no vilarejo, próximo ao deck de onde saem as lanchas. A vila é uma graça, cheia de lojinhas, bares e restaurantes pitorescos. Estávamos famintos!!! A vista do restaurante era perfeita e a companhia dos amigos alegrava nossa tarde. O tempo voou e logo tivemos que devolver as bikes e voltar ao jetty para esperar a saída do nosso barco. Mas antes, claro, passeamos pela vila e compramos chapéus.







Logo estávamos partindo de volta a Perth, exaustos, mas com a sensação de que...
Se existe dia perfeito, aquele era um deles!





terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sua Majestade em Perth



Gente, a rainha chegou!!!!



Hoje quando estava na esteira da academia assistindo ao noticiário me dei conta que a rainha (UK) chega em Perth hoje!
Na verdade, ela já se encontra na Austrália desde o dia 19 de outubro e fica até dia 29.
Me impressionou bastante a disposição dela e do Duke of Edinburgh para uma intensa programação. E vamos combinar que esses protocolos de governo são extremamente massantes.

Fiquei pensando como deve ser dedicar uma vida inteira a compromissos “representativos”, sem privacidade, seguindo regras e permanentemente sob a mira dos paparazzi...
E ela já está bem idosa e mesmo assim se “despencou” do Reino Unido para a Australia! Que saúde, que paciência!!!
Aqui em Perth ela fica de 27 a 29 e sua atribulada agenda inclui todo tipo de compromisso social e político.
Pra quem tem curiosidade, confiram alguns:
·         Visita a uma escola aborígene – claro, politicamente correto depois de tudo que fizeram com essa turma!
·         Cerimônia de abertura de uma reunião da cúpula do Commonwelth
·         Participação num tradicional BIG AUSSIE BBQ, o famoso churrascão no evento PERTH COMMUNITY BBQ.

Tô boba com a disposição do casal!!!





quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pé na estrada rumo a ALBANY


FIRST DAY

Ramirez conseguiu tirar uma folga no trabalho e decidimos passar uns dias fora de Perth. No início, pensei em fazer uma viagem para 3 cidades ao sul: Margaret River, que já tínhamos visitado num final de semana, Albany e Esperance. Todas elas,  cidades a beira mar, apesar da previsao do tempo indicar dias nublados ou com chuva.  Fazer o que?? Era pegar ou largar...

Ocorre que surpreendentemente, se vc não se programa com muita antecedência por aqui, não consegue encontrar vaga em hotel nenhum. Além disso, só tinhamos uma semana. Achei muito pouco e decidimos ficar menos tempo e conhecer bem apenas uma cidade. Como as crianças já começavam as aulas na 2a. feira, seria uma viagem a dois! 

A eleita foi ALBANY, a 418 km de Perth, umas 4 horas de viagem.

Saímos no Domingo pela manhã. Eu tinha idéia de viajar bem cedinho, mas a saída de Perth é um pouco demorada. Cruzamos a cidade inteirinha e como o GPS não encontrava a Albany Hwy,  tivemos que descobrir que ela era  a continuação da Shepperton Rd e que depois virava Highway.

Mas sabe que foi bom???  Acabamos passando dentro de um bairro muito charmoso chamado Victoria.


Uma outra opção para se chegar a Albany, porém mais demorada,  seria ir pela Canning Hwy, mas já conhecíamos o percurso e sabíamos que seria mais longe.

Bem... ON THE ROAD AGAIN... lalalalalallalallalalalalalalal

O dia estava ensolarado e como era Domingo, havia bastante gente na estrada.

 A Albany Hwy não é uma superestrada bacanérrima  de 4 faixas.   E uma estrada simples, com uma faixa pra ir e outra pra vir. A diferença das que conheço no Brasil é a manutenção. E não tô falando só de uma estrada com asfalto impecável (juro que essa não tinha um só buraco!). Estou falando da sinalização. As placas avisam tudo: onde vc terá um banheiro e um restaurante (achei poucos nessa estrada,  portanto vá prevenido pra não ficar com fome), animais no caminho (enquanto no Brasil a gente atropela cachorro e cavalo, aqui são os cangurus que cruzam o nosso caminho repentinamente), a velocidade permitida (110 km) e o mais bacana... de quantos em quantos kms haverá area de ultrapassagem segura (undertaking lanes), onde a estrada aumenta para vc ultrapassar.

Os campos de flores emolduravam e coloriam a estrada, alternando entre o amarelo das margaridinhas e o azul das lavandas,  ajudando assim,  a quebrar a monotonia da paisagem – tudo muito plano e com a vegetação pouquíssimo variada – eucaliptos e  árvores baixas e retorcidas na grande maioria. Nos pastos,  bem verdinhos essa época, podíamos ver muitos rebanhos de carneiros e pouco gado. Vimos muitas fazendinhas e inúmeros vinhedos ao longo do caminho.


Nossa primeira parada foi na Riverside Road House, onde encontramos duas alpacas bem mansinhas num cercado. Eu achei que era uma lhama, claro! Mas fiquei desconfiada porque o pescoço das alpacas era bem mais curto... Anyway...eram alpacas. Muito prazer!



Pela estrada passaram por nós vários grupos de motociclistas  bem ao estilo Hell Angels, todos com Harleys! Pena que não deu tempo de fotografar. Vimos muitos traillers e motorhomes também  porque existem vários campings com ótima infra na região.

Observamos que muitas cidades no caminho tb conservam os nomes aborígenes, tipo  Kojonup e Kendenup, entre  outras.

Fizemos nossa segunda parada em Beaufort, onde compramos mel e comemos um wrap pra enganar o estômago. Não encontraríamos mesmo nenhum lugar pra almoçar às três da tarde em Albany.  A cozinha fecha às 2PM.

Quando passamos por Mount Barker sabíamos que estávamos chegando. Mais meia hora e pronto! Albany, nosso destino.

Através do EXPEDIA, a Isa conseguiu encontrar um lugar maravilhoso para nos hospedarmos, a cinco minutinhos da cidade - o HIDEAWAY HAVEN.   O nome já diz tudo. É mesmo um cantinho do paraíso  escondido entre a praia e a mata. As proprietárias,  Maggie e Backie,  aproveitaram uma linda e rústica propriedade para montar uma pequena pousada.  Pequena mesmo. São apenas 3 lindos quartos que compartilham de todas a infra completa de uma casa.


Não vi nada parecido em Albany: http://www.hideaway-haven.com.au/



Foi Maggie  que fez as honras da casa. Mal acreditamos quando descemos as escadas e pisamos num deck  de madeira projetado para o topo das árvores.  E com vista para o mar, bem ao fundo!





Logo na entrada, uma jacuzzi no deck. Descobrimos que estávamos sozinhos na pousada! A jacuzzi era só nossa, UHUUUU!!!!

Na entrada da casa, sofás confortáveis e mesinhas de madeira compunham uma decoração de extremo bom gosto, num salão de grandes painéis de vidro que integravam a casa com a natureza. Cozinha e lavanderia completas também compunham as facilities do local.





 Sozinhos, estávamos sózinhos!!!

E o quarto é um sonho. Todo de madeira, com varandinhas individuais. Aquecimento e roupões imaculadamente brancos  de uma pelúcia que nunca vi (não sei que material é aquele, me senti envolvida por um ursinho).  Como Albany fica bem ao sul, as temperaturas aqui são bem baixas. Quando chove então, nem se fala. 





A casa tem tudo que qualquer pessoa precisa pra morar. Toda a louça, todas as roupas de cama, todos os eletrodomésticos, vários armários, gavetas e alguns mantimentos básicos para os hóspedes, tipo chá, nescafé etc.

Deixamos nossas coisas no quarto e fomos aproveitar o restinho da tarde pra dar uma volta na cidade.

Logo no caminho (é tudo muito bem sinalizado) vimos as indicações para EMU POINT. Entramos para conhecer uma das mais frequentadas prainhas daqui. Deve mudar no Verão, mas quase não havia areia quando vimos. Me lembrou a Pontinha de Araruama.  Um lugar bucólico, silencioso, com águas calmas.

Algumas pessoas pescavam e outros observavam a linda tarde. A água é clarinha e as casas a beira-mar ficam esparramadas nos gramados.









(Estou escrevendo aqui no salão da pousada e os passarinhos batem nas vidraças querendo entrar. Não sei como não se machucam!)

Pegamos o carro e seguimos a orla. Fomos dar em Middleton Bay. Essa sim é uma praia bem grande. Deve ser muito linda no Verão. Essa época ainda tem muitas algas, que acabam na areia enfeiando a praia e muitas vezes trazendo um cheiro esquisito. Mas a água é linda, os gramados enormes e com grandes pinheiros plantados ao longo da orla. Em volta da praia, notamos que o bairro de Middleton é de classe média alta. As casas são realmente muito bonitas e bem localizadas.






Essa trilha panorâmica é sensacional e os pássaros são lindos!!








Dali partimos para o centro da cidade, tudo muito pertinho. Deu pra notar que Albany goza de excelente infra-estrutura e que é para cá que os velhinhos vem depois de aposentados. Tem muuuuuitos velhinhos aqui! Ontem confirmei isso com a Maggie. Ela me disse que as pessoas de idade já não suportam mais o calor de Perth no Verão e que como Albany tem um clima mais ameno, os que podem, mudam-se para cá.

O centro da cidade é uma graça. Tem hotéis pra todos os lados. A rua principal, ladeada por lojinhas e restaurantes super charmosos, forma uma descida que vai dar no mar. Portanto, a primeira impressão de quem visita o centro é a melhor possível.







Estávamos famintos e tínhamos reserva pra 7:30PM no LIME 303, um restaurante recomendado pela Maggie. Acabamos descobrindo que ficava ao lado de um dos pontos turísticos mais visitados da cidade,  THE DOG ROCK. É uma enorme pedra na beira da estrada, com o formato de uma cabeça de cachorro. Reza a lenda que os nativos daqui (os MINANG) acreditavam que esse cachorro havia sido decapitado por algum WARGAL furioso. Acho que o wargal é uma entidade divina dos aborígenes. Pobrezinho!!!  O interessante é que eles pintaram até uma coleira na base do pescoço do "cachorro", deixando mais clara ainda a identificação da figura.





Bem, a fome era grande e “partimos ferozes” (expressão de um amigo daqui) para o LIME 303. Mal acreditamos quando abrimos a modesta porta dos fundos do Dog Rock Motel que dava para o restaurante.  O lugar é moderno, clean, arrumadíssimo e cheirava muito bem! Tive que perguntar se o Ramirez podia entrar de bermudas (eu esqueci de colocar calça comprida na mala).
Felizmente isso não era um problema.


O cardápio era versátil e tudo parecia ser delicioso. Me atraquei com uma massa, enquanto Ramírez preferiu uns camarões com creme de aspargus. Ambos de comer rezando! Vale uma visita a esse despretencioso, mas refinadíssimo local.  Ah... e mais um comentário: nós devíamos ser o casal mais novinho do pedaço. A média da faixa etária ali era de seguramente uns 70 anos  (rsrsrsrsr)! ADOREI!!!

SECOND DAY

Acordamos cedinho depois de uma noite muito bem dormida sob lençois de "trocentos""  mil fios e dedredons fofinhos .  Nos sentíamos revigorados e famintos mais uma vez. Maggie entrou com o nosso café pontualmente às 8:30. Um café bem diferente do nosso, mas um banquete. Tudo feito com muito esmero e riqueza de detalhes: pão multi grãos, um tipo de omelete bem diferente, frutas com iogurte e cereais, queijo, geléia e mel.
Estávamos abastecidos por muitas horas! O interessante é que recebemos uma folha de papel diariamente com opção e número de ítens para o café. Vc escolhe o que quer comer entre as várias alternativas e quanto, evitando assim o desperdício.







O dia estava bem nublado e achamos que seria mais prudente visitarmos os locais cobertos. Rumamos para a cidade e descemos uma estradinha sinuosa de onde avistamos uma construção muito moderna e arrojada à beira-mar, ao lado do porto e de uma indústria de grãos. Era o Western Australian Museum de Albany. Inacreditável que uma cidade como Albany possa ter um espaço desses, dedicado a espetáculos do mesmo porte que Perth: apresentações de ballet, orquestras, Óperas etc.






Vale a visita pela grandiosidade da obra. Pudemos entrar, mas não era dia de visitação ao museu.

Logo à frente, também junto à orla, avistamos o Brig Amity,  a réplica do primeiro navio que chegou a Albany em 1826, com o Major Edmund Lockyer. Aliás, vale um parêntesis: Albany foi o primeiro assentamento de terras de WA e inicialmente havia recebido o nome de Frederickstown. Frederick fazia parte da tripulação, claro. O nome nunca vingou, ainda bem!!!











A visita vale pela história e pela curiosidade do que acontecia na época dentro de uma embarcação. O navio é todo numerado  e  quando compramos os tickets de entrada (AU$6 cada), recebemos um fone que explica cada número, contando a história detalhadamente.

Aprendi sobre as provisões, sobre as condições de higiene da tripulação, sobre como dormiam e como faziam suas necessidades. Nossa, era espantoso, um verdadeiro desafio se aventurar no mar naquela época!






Captain Ramírez!


Saindo dali, seguimos para o Mount Clarence onde a vista do mar e da cidade é linda. Passamos pelo Mount Adelaide, onde há um forte e pegamos uma estrada que nos conduziria a Two People`s Bay, que fica dentro de uma reserva de mesmo nome, no parque de Nanarup.







Só que passamos muito do ponto principal e depois de andarmos vários kilômetros pela reserva praticamente deserta, demos numa praia chamada LITTLE BEACH, um dos lugares mais bonitos que já vi. Dava vontade de ficar e mergulhar. Mas três coisas atrapalhavam bastante: o frio,  o vento e uma quantidade de moscas e insetos impressionante. São tantos que quando o carro pega a estrada, a dianteira fica toda suja de insetos mortos.  Já começou a temporada de moscas em WA e agora vai até fim de março. ECA, detesto!






Na volta, ainda passamos por um ponto turístico chamado BAYONETTE POINT, de onde se avista a GREEN ISLAND, uma ilhota que também  carrega uma história curiosa: uma moça que caçava para seu marido,  um dia encontrra uma enorme cobra, animal sagrado para o povo local. Faminta, ela mata a cobra e come sozinha o réptil. Arrependida, conta ao marido o ocorrido. Este, sem piedade, bate muito na moça e quebra suas duas pernas  (um horror). Ela se arrasta até o mar e é carregada pela correnteza. Dizem que onde seu corpo foi encontrado surgiu essa pequena ilha. Coitadinha da moça,  que crueldade!





Já exaustos tentamos almoçar decentemente num restaurante em Middleton beach, mas tudo que conseguimos foi um grande prato de TUDO frito (deep fried). Precisei tomar um engov e uma Pepsi. Já era hora de voltar pro nosso refúgio e descansar.

Tínhamos queijos e um Shiraz na geladeira pra mais tarde e aproveitamos pra curtir a jacuzzi à noite, sob um céu estrelado, à luz de velas. Esse lugar vale cada centavo, digo dólar gasto.

THIRD DAY

Depois de uma linda noite nunca podíamos imaginar que fosse amanhecer chovendo. Mas o tempo estava horroroso.  Aceitamos prontamente os guarda-chuvas que Maggy nos ofereceu e otimistas,  partimos para mais um dia de descobertas em Albany.

Dessa vez pegamos uma simpática estradinha a beira-mar, a Frenchman Bay Road, onde existem vários pontos de interesse.  Começamos o nosso dia pela WIND FARM. Nesse local, foram instaladas 15 gigantescas turbinas eólicas* (vulgo catavento) para a geração de energia limpa. É um campo de cataventos modernos, de altíssima tecnologia e operação totalmente automatizada.  

Impressiona a história de sua construção e montagem, contada detalhadamente nos painéis da entrada do lugar. A energia ali gerada consegue cobrir 75% das necessidades de Albany.















*Curiosidade pra quem não sabe (eu não sabia): EÓLICA vem do Deus grego EOLOS, Deus do VENTO.

Fiquei abismada com a preocupação do povo com o desperdício  e com a conservação do meio ambiente.  A  torneira do banheiro público tinha fechamento automático por mola e existem placas espalhadas pelas trilhas lembrando aos visitantes da importância de manter o local limpo e preservado.





É possível chegar ao pé de um dos moinhos e apreciar o gigantismo da obra. Existem trilhas por todo o local, algumas que descortinam uma vista para o oceano de tirar o fôlego de qualquer um.








Adorei ver de perto a Wind Farm! 

Ah, e não acaba aí. Bem pertinho dos moinhos, na encosta, foi construída uma trilha com mais de 500 degraus que vai  dar no mar. Confiram a exuberância da natureza nas fotos.













Aliás, a natureza aqui, abusa do direito de nos proporcionar verdadeiros espetáculos. Nossa próxima parada confirma o que estou dizendo. Já dentro do TORNDIRRUP NATIONAL PARK,  visitamos duas atrações: THE GAP e NATURAL BRIDGE.  Não preciso descrever, as imagens falam por si só. Fica aqui registrado o meu respeito pela mãe natureza e pelo que a ação do tempo pode fazer através da história, construindo e modificando as paisagens.
















Ainda na Frenchman Bay Road avistamos a Cable Beach e descemos quase 1km até os chamados BLOWHOLES, onde a força do mar em contato com as rochas faz a água “explodir”  no mar. Há dias em que é possível ver essas explosões, mas não foi o nosso caso.




Encontramos um casal de neozeolandeses e conseguimos nossa primeira foto juntos.






Até então, a chuva tinha sido camarada e o sol chegou até a mostrar a cara para tirarmos algumas fotos. Mas... a partir daí....

Voltamos pra pousada de onde só saímos pra jantar. O frio era grande!


O restaurante eleito foi um italiano na York Street, o NONNA’s.  O atendimento foi impecável, mas a massa estava sem graça, faltava sabor.

Entre um passeio e outro escrevo pra não esquecer....

Agora vou arrumar as malas pra pegar a estrada novamente amanhã. Deixo Albany e essa pousada maravilhosa com gostinho de QUERO MAIS.

Próximo destino....  DENMARK e WALPOLE, no caminho de volta a Perth.


LAST DAY

Deixamos a pousada por volta das 9:30 AM e pegamos a scenic route para Denmark, uma estradinha pitoresca com muito verde, flores e animais pelo caminho.  Dessa vez, o dia amanheceu caprichado, prometendo uma ótima viagem de volta.

Fomos direto à Denmark, que é uma cidadezinha muito linda, fria e com jeito europeu. Mas o nome da cidade não tem nada a ver com a Dinamarca, tá? Vem do sobrenome de uma pessoa que foi homenageada na época do seu surgimento, em 1895, Dr. Alexander Denmark.



Denmark e as piscinas naturais




Queríamos chegar ao Valley of the Giants  (Vale dos Gigantes) para fazermos o Tree Top Walk (caminhada no topo das árvores) e sabíamos que o local ficava entre as cidades de Denmark e Walpole.  Claro que acabamos nos perdendo dentro do Nornalup National Park, o que não foi de todo ruim... Dois cangurus cruzaram na frente do nosso carro a uma velocidade impressionante. Só vendo pra crer! Ah, e também vimos vários coelhinhos selvagens dentro da reserva. Valeu o atraso!


Depois de muito perguntar encontramos a entrada do Valley of the Giants, bem no meio de uma floresta geladinha. Estacionamos o carro, compramos nossos ingressos e alguns souvenirs na lojinha e entramos na passarela suspensa no topo das árvores. São árvores muito altas e antigas, algumas com mais de 400 anos! São chamadas de TINGLE TREES.





Aviso logo....esse passeio não é pra qualquer um. Quem tem problemas com altura e/ou vertigens não deve se aventurar. Há lugares onde a altura da passarela,  que fica praticamente no topo das árvores,  chega a 40 metros. A passarela é de ferro, muito segura, mas balança. Uma senhora entrou  em pânico logo no comecinho e Ramírez a levou de volta.



Eu morro de medo de altura mas resolvi superar o problema e olhar sempre para o horizonte, nunca pra baixo. Não podia perder essa oportunidade. A vista é deslumbrante e a energia da floresta nos abraça a cada passo. Vale à pena sentir um friozinho na barriga por alguns minutos!







Meu diploma de coragem!





O resto do passeio foi com os pés no chão (thanks God), por entre as gigantescas tingle trees.













Voltamos para Denmark a tempo de saborear o almoço do Healthy Buddha Bar, um restaurante que Maggie nos havia recomendado. Adoramos, tudo impecável. Os donos são muito simpáticos e o ambiente é totalmente esotérico. Os pratos saem rápido e a cerveja estava super gelada. E eu estava merecendo um bônus pela minha coragem (rsrsrsr)!

Abastecidos "de corpo e carro" era hora de voltar pra casa, pois teríamos que enfrentar pelo menos 4 horas de viagem ainda.


Mas por aqui não há pressa... As estradas são vazias, sem buracos e com ótima sinalização, como já falei.  No worries!!!

E correu tudo bem. Chegamos em Perth  às 8PM, cansados, mas felizes.  Tudo bem por aqui.


É muito bom ter a oportunidade de “descobrir” um país tão lindo como a Austrália e confirmar em mais uma viagem..... que fizemos a escolha certa!


Fecho esse post então, com a foto de uma placa que fotografei na Wind Farm e que me calou fundo:



"O destino não é uma questão de oportunidade, é uma questão de ESCOLHA. Não é algo para se ESPERAR e sim para ser PERSEGUIDO".